sexta-feira, 28 de junho de 2013

Black Block

Você sabe o que é Black Block?


O Black Bloc, ou Bloco Negro em português, é aquele grupo que está na frente das grandes manifestações em momentos de conflito. Não são eles que iniciam, são eles que seguram a carga da polícia de choque, o gás, as balas de borracha, e as verdadeiras também pra que os restantes manifestantes possam correr.

São a nossa Tropa de Choque, não são vândalos como a média nos quer fazer crer, ao passar a imagem de que são terroristas para os desacreditar e dividir o povo. São a nossa defesa da mão pesada do Estado.
Enquanto a maioria corre eles retardam o opressor ao máximo. São o grupo abnegado que zela pela segurança do resto da manifestação.

Passou da hora de terem o seu valor reconhecido.

FONTE: Occupy Porto


quarta-feira, 26 de junho de 2013

"Sou antipartidário, mas não sou facista!"

“Sou antipartidário, mas não sou facista!”

Eu sou apartidário. Que isto fique bem claro. E não apenas apartidário como não consigo acreditar que disputar o governo seja uma forma de transformar a nossa realidade ou se alcançar a revolução. Estamos entendidos?


Mas eu não sou antipartidário.


Saca só: beijar uma pessoa do mesmo gênero é um ato homoerótico. Se um homem hétero beija um outro homem hétero, o ato continua sendo homoerótico, independente da orientação sexual daqueles que o fizeram.

Falar que a mulher é inferior ao homem é um ato de machismo. Mesmo que uma mulher o diga, continua sendo machismo. E mesmo que um homem feminista de uma organização feminista diga que a mulher é inferior ao homem, o seu discurso é um discurso machista, independente da organização que este homem faça parte, ou não.


Agredir, expulsar, rasgar bandeiras e/ou propor o fim dos partidos políticos é uma atitude facista. Independente daquele que o faz ser facista ou não: seu ato será um ato facista. Independente daquele que o faz ser de direita, esquerda ou centro: seu ato será um ato facista.

Não significa que o antipartidário é, necessariamente, um facista. Mas implica dizer que o antipartidário age de maneira e em consonância com um ideal facista.


É uma máxima do integralismo (movimento facista brasileiro) a frase “nenhuma bandeira será permitida a não ser a bandeira do Brasil”. Máxima que é repetida e repetida nestes tempos de manifestações.

“O gigante acordou!”

Pasme, este mesmo slogan foi utilizado na passeata pela família, em 1964, que culminou na ditadura militar. Se o mesmo gigante acordou, 50 anos depois, o que ele trará agora? Um novo golpe?



Não curto a ideia de levantar bandeira de partido em manifestação apartidária. Eu acho que os membros de partidos deveriam, nas manifestações, ao invés de levantar as suas bandeiras tentar levantar as bandeiras do povo, das manifestações, das pautas.

Sabe aquela provocação, “Você levanta a bandeira do povo ou a bandeira do partido?”, acho ela super cabível, mas não acho que seja provocação para se agir com violência. Eles estão do mesmo lado que nós, ainda que possuam diferenças no modo de pensar.

Porém, se os militantes partidários querem fazê-lo a todo custo, que se respeite a eles.

“Mas aí a televisão vai começar a falar mal do nosso movimento, por causa dos partidos de esquerda!”

E o objetivo da manifestação é ter o apoio das emissoras como a Globo?


“Mas aí eles vão tentar aparelhar o movimento!”

Aparelhar significa fazer o movimento entrar no aparelho político do sistema. Entrar no discurso e sistema do opressor. Se os partidários tentarem fazê-lo, que o movimento se desfaça deles!

E mesmo sem os militantes de partido, um dia destes em Fortaleza, tentaram aparelhar o movimento dizendo que deveriam ser eleitos 100 representantes. Aparelhamento!


Ser antipartidário é uma posição facista, independente de sua concepção política ou falta dela. Os militantes de partido não deveriam ser escurraçados, mas, sim, ser servos do povo brasileiro. Se um partidário levantar sua bandeira durante uma manifestação, ele tampouco deve ser aplaudido ou elogiado, mas deve ser cobrado, duramente cobrado.


Não é uma opinião conclusiva minha, pode ser que no futuro ela mude, mas é a que eu tenho hoje.

E, de qualquer forma, é muito melhor saber de onde vem e de que lado estão aqueles sujeitos, do que outros aí que se infiltram no movimento.
  





Com partido! Mas sem liderança! E sem aparelhamento!


PS. A tirinha no final do post não é a original do Laerte, mas uma modificação que eu fiz. É importante ser transparente por aqui.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Coisas que você REALMENTE deveria saber sobre a ‘cura gay’.


Recentemente saiu um texto intitulado “Coisas que você deveria saber sobre a ‘cura gay’, mas a preguiça não deixa”. Trata-se de um texto que aborda sete pontos de raciocínio com o objetivo de mostrar que o que está sendo proposto não é a volta da psicopatogização da homossexualidade.

O texto na íntegra está aqui:

Entrei em contato com este texto porque duas dúzias de pessoas compartilharam-no no facebook. Acho que o fizeram mais por ingenuidade ou porque não possuem debate sobre a questão. E foi justamente por causa deste texto (e outras zilhões de coisas) que eu criei este blog.

Então, vou agora comentar cada um dos tópicos do texto.


1 – Não existe projeto de lei que IMPONHA tratamento de saúde a homossexuais no Congresso Nacional. Não existe sequer lei oficial que trate homossexualidade como doença.

Sobre lei oficial que trate homossexualidade como doença, comentarei no tópico três. Sobre a questão de não haver imposição de tratamento de saúde, este argumento possui um bocado de má-fé: ignora o fato de que a homossexualidade pode se manifestar, assim como a heterossexualidade, na infância e na adolescência, período o qual os jovens homossexuais estão sob a tutela de um maior responsável que pode, sim, legalmente ou não, impor idas a psicólogos que propõem reorientação sexual. E, muitas vezes, nem quando as pessoas estão adultas elas podem escapar do tratamento imposto.

Quer exemplos?





2 – O termo “cura gay” tratado atualmente na Comissão de Direitos Humanos é oriundo de um documento do Conselho Federal de Psicologia de 1999. E é justamente sobre este documento que estão centradas as discussões na Câmara Federal.

Sim, o projeto não propõe ipsi literi a cura gay, mas versa sobre um documento que proíbe que a cura gay seja realizada. E cancelar uma proposição que impede a cura gay é sim defender a cura gay!



3 – O projeto debatido na Câmara não propõe “cura gay”, mas sugere a supressão de dois trechos da tal resolução instituída em 1999 pelo Conselho Federal de Psicologia. Que são: “os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades” e “os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica”.

O ponto três é extremamente contraditório. Como assim ele não propõe uma cura gay? O que os artigos falam?

1 - “Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”. Ou seja, se este artigo for suprimido, psicólogos colaborarão com eventos e serviços que propõe tratamento e cura das homossexualidades.

2 - “Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica”. Suprimindo este artigo, psicólogos poderão se pronunciar de modo a reforçar preconceitos sociais existentes aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.

Como assim o projeto não propõe cura gay?



4 – O que o Conselho de Psicologia fez foi simplesmente calar as discussões sobre o assunto de maneira covarde. Conceituou de ‘cura gay’ de maneira IRRESTRITA o tratamento psicológico. Qualquer pessoa em sã consciência não apoiaria tratamento imposto. Mas, e se o hétero, bissexual ou gay QUISER ajuda psicológica? Quem é o CFP para dizer a héteros, bissexuais ou gays que eles não podem se indispor com suas opções e tentar buscar ajuda de um profissional?

Aqui é onde a discussão fica mais interessante, pois posso tocar no ponto principal. Héteros, bissexuais e gays podem sim se indispor com suas orientações sexuais e buscar ajuda de profissionais. O que os profissionais não podem é tentar curá-los, mas fazer com que eles possam compreender e conviver melhor com seus desejos, seja no exercício dos mesmos ou do celibato.

Mas por quê? Porque hetero, bi ou homossexualidade não são escolhas e opções, mas, sim, orientações sexuais. Ninguém realiza uma escolha da sua sexualidade, as pessoas simplesmente as possuem. Não se sabe com certeza como ela se forma, mas o que se sabe é que, uma vez formada é irreversível. Quer ver? Procure pensar, quando você que você decidiu ser hétero ou gay? Consegue lembrar? Provavelmente não, porque trata-se de algo que simplesmente nos acompanha, está na ordem do desejo.

Por isto, falar em cura-gay é um absurdo porque ela não existe! Não é possível a reorientação sexual porque a sexualidade não é algo que o individuo escolhe e pode simplesmente mudar. E toda e qualquer forma de reorientação sexual (geralmente conduzida por religiosos) é uma falácia.


Quer um exemplo? Aqui:

Não foi o bastante? Olha outro:



5 – Quem criou a ‘cura gay’ não foi a Câmara de Deputados, foi o Conselho Federal de Psicologia! A contradição nesse discurso é óbvio. Por acaso um hétero que busque a ajuda de um psicólogo para se assumir homossexual e conviver melhor com sua condição estará se curando de alguma doença? Então porque o contrário é verdadeiro?

Você conhece algum hétero enrustido? Uma pessoa que se sente atraída pelo sexo oposto, mas, que, por conta da opressão da sociedade para com os heterossexuais, assume a falsa identidade de homossexual?

Pois é, provavelmente não porque ou não existe ou é algo extremamente raro. Heterossexuais não sofrem as discriminações que os homossexuais sofrem. Eles podem, desde criança, viver plenamente sua sexualidade sem repressão. Já isto não acontece com homossexuais. Homossexuais são reprimidos desde cedo, com piadinhas infames ou com ameaças. Normalmente, reprimem seus desejos e passam a tentar se “ajustar” à heterossexualidade, uma orientação que não é a sua.

E outra, um ser-humano que busque a ajuda de um psicólogo para se assumir homossexual e conviver melhor com a sua condição não está passando por um processo de reorientação sexual, mas de aceitação dos próprios desejos e da busca de formas de como lidar com eles. Se um homossexual quiser procurar um psicólogo, ele pode fazê-lo, para passar pelo mesmo processo, não por uma reorientação sexual.



6 – A supressão destes dois termos não implica de maneira alguma em perseguição a homossexuais pelo Estado. O cerne da discussão é o seguinte: um gay, hétero ou bissexual insatisfeito com sua condição pode buscar a ajuda de um psicólogo, ou não? E, vejam bem, procurar a ajuda de um psicólogo por conta de insatisfação não significa que ao fim do tratamento teremos um hétero, gay ou bissexual. Pode ser que sim, pode ser que não. O que o Conselho Federal fez foi acabar com a primeira opção. Gays, héteros e bissexuais por vontade própria não podem procurar psicólogos com a intenção de buscar ajuda.

Errado e falacioso. Gays, heteros e bissexuais, como já dito, podem procurar psicólogos sim para tratar de suas questões quanto à significação de suas orientações sexuais. O que os psicólogos não podem fazer é propor a reorientação sexual. Atender gays, heteros e bis inconformados, sim. E para que eles procurem esse tratamento, os artigos do código de ética não precisam ser suprimidos.



7 – Da mesma forma que é absurda qualquer tentativa de impor a qualquer pessoa que seja “curada” de sua sexualidade, é totalmente arbitrária e desrespeitosa a supressão do direito de uma pessoa, inconformada com sua orientação sexual, de procurar tratamento.

Ela pode, se ela quiser, procurar tratamento para sua orientação sexual. Apesar de ser algo que eu discorde, temos que respeitar a liberdade das pessoas. Isso se ela realmente quiser, e não estiver sendo imposta por pais ou igreja. O que ela não pode é procurar este tratamento com psicólogos, pois a psicologia, e mais do que isto, a Organização Mundial da Saúde, não caracterizam a sexualidade como patologia, tampouco como algo reversível. (releia as reportagens do tópico 4 para maiores esclarecimentos).


O que deve estar em jogo, talvez, seja não apenas a difusão dos preconceitos de orientação sexual, como também, na minha pequena mente um pouco paranóica, uma futura jogada de investimento público em clínicas de reabilitação dos atuais pastores donos de bancadas evangélicas.

Pelo sim e pelo não, e por ser graduado em psicologia, eu digo não ao projeto da cura-gay.