quarta-feira, 26 de junho de 2013

"Sou antipartidário, mas não sou facista!"

“Sou antipartidário, mas não sou facista!”

Eu sou apartidário. Que isto fique bem claro. E não apenas apartidário como não consigo acreditar que disputar o governo seja uma forma de transformar a nossa realidade ou se alcançar a revolução. Estamos entendidos?


Mas eu não sou antipartidário.


Saca só: beijar uma pessoa do mesmo gênero é um ato homoerótico. Se um homem hétero beija um outro homem hétero, o ato continua sendo homoerótico, independente da orientação sexual daqueles que o fizeram.

Falar que a mulher é inferior ao homem é um ato de machismo. Mesmo que uma mulher o diga, continua sendo machismo. E mesmo que um homem feminista de uma organização feminista diga que a mulher é inferior ao homem, o seu discurso é um discurso machista, independente da organização que este homem faça parte, ou não.


Agredir, expulsar, rasgar bandeiras e/ou propor o fim dos partidos políticos é uma atitude facista. Independente daquele que o faz ser facista ou não: seu ato será um ato facista. Independente daquele que o faz ser de direita, esquerda ou centro: seu ato será um ato facista.

Não significa que o antipartidário é, necessariamente, um facista. Mas implica dizer que o antipartidário age de maneira e em consonância com um ideal facista.


É uma máxima do integralismo (movimento facista brasileiro) a frase “nenhuma bandeira será permitida a não ser a bandeira do Brasil”. Máxima que é repetida e repetida nestes tempos de manifestações.

“O gigante acordou!”

Pasme, este mesmo slogan foi utilizado na passeata pela família, em 1964, que culminou na ditadura militar. Se o mesmo gigante acordou, 50 anos depois, o que ele trará agora? Um novo golpe?



Não curto a ideia de levantar bandeira de partido em manifestação apartidária. Eu acho que os membros de partidos deveriam, nas manifestações, ao invés de levantar as suas bandeiras tentar levantar as bandeiras do povo, das manifestações, das pautas.

Sabe aquela provocação, “Você levanta a bandeira do povo ou a bandeira do partido?”, acho ela super cabível, mas não acho que seja provocação para se agir com violência. Eles estão do mesmo lado que nós, ainda que possuam diferenças no modo de pensar.

Porém, se os militantes partidários querem fazê-lo a todo custo, que se respeite a eles.

“Mas aí a televisão vai começar a falar mal do nosso movimento, por causa dos partidos de esquerda!”

E o objetivo da manifestação é ter o apoio das emissoras como a Globo?


“Mas aí eles vão tentar aparelhar o movimento!”

Aparelhar significa fazer o movimento entrar no aparelho político do sistema. Entrar no discurso e sistema do opressor. Se os partidários tentarem fazê-lo, que o movimento se desfaça deles!

E mesmo sem os militantes de partido, um dia destes em Fortaleza, tentaram aparelhar o movimento dizendo que deveriam ser eleitos 100 representantes. Aparelhamento!


Ser antipartidário é uma posição facista, independente de sua concepção política ou falta dela. Os militantes de partido não deveriam ser escurraçados, mas, sim, ser servos do povo brasileiro. Se um partidário levantar sua bandeira durante uma manifestação, ele tampouco deve ser aplaudido ou elogiado, mas deve ser cobrado, duramente cobrado.


Não é uma opinião conclusiva minha, pode ser que no futuro ela mude, mas é a que eu tenho hoje.

E, de qualquer forma, é muito melhor saber de onde vem e de que lado estão aqueles sujeitos, do que outros aí que se infiltram no movimento.
  





Com partido! Mas sem liderança! E sem aparelhamento!


PS. A tirinha no final do post não é a original do Laerte, mas uma modificação que eu fiz. É importante ser transparente por aqui.

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